Caso Walewska: melhor amigo da jogadora chama viúvo de ‘frio' e 'interesseiro'

“Não vou segurar mais. Nesses últimos sete meses fiquei quieto, adoeci, mas o que ele está fazendo com os pais dela eu não vou aceitar”. O desabafo é do empresário Luiz Gustavo Zacarias Del Maestro, melhor amigo da ex-jogadora de vôlei Walewska, falecida em 21 de setembro do ano passado, aos 43 anos, após cair do 17º andar do prédio onde morava, em São Paulo. Ele conviveu por 25 anos com a ex-atleta e foi padrinho de casamento dela com Ricardo Alexandre Mendes, a quem se refere como “frio, interesseiro e narcisista”.

Em conversa com O TEMPO Sports, Luiz Gustavo disse que resolveu se manifestar agora por não suportar mais o que Ricardo tem feito desde o falecimento da amiga. A gota d’água, afirma, foi o viúvo ter enviado aos pais de Walewska uma cobrança extrajudicial solicitando que eles paguem aluguel no valor de R$ 2.070 do apartamento onde moram, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. O imóvel foi um presente da jogadora à família há cerca de dez anos.

“Na carta que ela (Walewska) me deixou de despedida, disse, entre outras coisas, para orar e cuidar dos pais dela. E é isso que estou fazendo. O que ele (Ricardo) tem feito com o Geraldo e a Aparecida (pais da jogadora) é maldade, assédio. Eles estão passando mal com isso”, revolta-se Luiz Gustavo. 

O amigo da campeã olímpica faz outra revelação. Em 24 de setembro do ano passado, três dias após o falecimento de Walewska, ele e Ricardo se falaram por mensagem de WhatsApp. Na conversa, Luiz Gustavo reforça a necessidade de se acolher os pais, que estavam passando por “uma dor sem medidas”. 

“Pedi ao Ricardo que fizesse o possível pelos pais dela. Pedi que não tirasse nada deles e nem brigasse por aquilo que já é deles. Vamos levar amor, escrevi. Ele disse que faria tudo pelos pais dela, porque os amava. Agora, está causando desconforto e constrangimento às pessoas que já sofrem há sete meses por terem perdido uma filha, e da maneira como foi”, lamenta.

Walewska e os pais Aparecida e Geraldo

Finanças

Walewska jogou vôlei profissionalmente por 27 anos, de 1995, quando estreou no Minas Tênis Clube, a 2022, ao encerrar a carreira no Dentil Praia Clube. Com passagem consolidada pela seleção brasileira, foi campeã olímpica em 2008 e chegou ao topo da carreira. 

“Walewska ganhava por temporada entre R$ 800 mil e R$ 1,2 milhão. Os advogados fizeram levantamento e encontraram 23 imóveis em nome dela, a maioria em São Paulo. Tudo isso, avaliado em cerca de R$ 38 milhões. A família quer saber onde está esse patrimônio”, questiona Luiz Gustavo.

Além de cobrar o que foi feito com os bens amealhados por Walewska durante a carreira, Luiz Gustavo faz outra reclamação. Segundo o amigo, no prédio onde a jogadora morou por último, ela possuía uma unidade, sendo que está alugada desde junho do ano passado. 

“No condomínio onde eles viviam em São Paulo, ela tinha este apartamento avaliado em 3 milhões de reais. Ricardo alugou essa unidade, e o inquilino pagou os 12 meses de locação adiantados, cerca de R$ 240 mil. Ninguém sabe onde esse dinheiro foi parar, a conta bancária está zerada".

Cartas

Quando Walewska faleceu, a Polícia Civil encontrou cartas de despedida na área de lazer do prédio onde ela morava. “Foram quatro cartas. Uma minha, uma dos pais, uma para o irmão e uma para o Bernardinho (treinador). A quinta carta apareceu agora, destinada ao marido, quando ela reforça a decepção amorosa e a dor”, detalha Luiz Gustavo.

O amigo da jogadora conta que, em 11 de setembro do ano passado, dez dias antes de falecer, Walewska descobriu que o marido havia tido um filho fora do casamento, e a criança já estava com oito meses à época. “Ela escreveu isso na carta deixada para mim. Na mensagem aos pais e ao irmão, pediu perdão por ter se dedicado tanto ao marido e não a eles”, revela. 

Em relação à mensagem destinada ao marido, a qual Luiz Gustavo teve acesso, ele cita quatro pontos. “Ela pediu a ele para cuidar e respeitar mais a mãe dele e se conscientizar de que ela é a mãe que ele tem. Além disso, disse para ele sair das ‘armaduras dos ternos’ e ter coragem para enfrentar a vida. Ela também escreveu que tinha muito orgulho dela e que ela é PHoda. Com PH mesmo. Walewska tinha um ótimo coração e era muito sensata”.

Ao resolver trazer à tona detalhes até então não revelados, Luiz Gustavo explica o porquê: “Eu e Wal tínhamos 25 anos de amizade. Fui padrinho de casamento deles. Fiquei decepcionado com a frieza dele após o falecimento e com o que está fazendo agora. Ele é interesseiro, narcisista. No que depender de mim, vou fazer de tudo para defender a imagem dela e cuidar dos pais”, promete. 

Cobrança 

Na cobrança extrajudicial recebida pelos pais da jogadora no último 26 de abril, Ricardo se apresenta como viúvo e inventariante dos bens deixados por Walewska e cita o imóvel como parte do patrimônio deixado pela jogadora, na proporção de 68,97%. 

Com isso, afirma que os pais ocupam o imóvel pertencente ao espólio dela, “sem qualquer contraprestação”. Por isso, solicita que seja pago R$ 2.070 de aluguel (referente ao  percentual citado), todo quinto dia útil do mês, além do pagamento integral do IPTU, contas de consumo e outras despesas. 

Outro lado

Ricardo Alexandre Mendes foi procurado, mas não quis se pronunciar. Pediu que a reportagem entrasse em contato com João Mansur, seu advogado no processo de inventário, que tramita no Tribunal de Justiça de São Paulo. O representante do viúvo, porém, não retornou até a publicação desta matéria. Se houver resposta, o texto será atualizado.